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Foto do escritorPsicólogo Flávio Torrecillas

A Dissociação da Vítima em Relacionamentos Abusivos:

Tão poderoso e imediato quanto um sorriso, o amor é uma força contagiante que transforma a vida em um ciclo harmonioso, servindo como a pedra angular da nossa autoestima. Quando alguém é agraciado com amor, aprende a nutrir o amor por si próprio e pelos outros. Através do afeto, empatia, aceitação e carinho, cultivamos a capacidade de abraçar nossos próprios sentimentos, vivendo em sintonia conosco mesmos. O amor é o arqui-inimigo da baixa autoestima, pois aqueles que são amados florescem como girassóis em um dia de sol radiante. Entretanto, quando alguém está envolvido em um relacionamento com um narcisista, a sombra constante da amargura do parceiro torna desafiador manter uma existência pacífica ao lado de alguém que personifica a insatisfação, já que nada parece satisfazê-lo. Para agradar um narcisista, a vítima é obrigada a realizar todos os seus desejos de acordo com suas rígidas expectativas. Agradar um narcisista exige algo notavelmente especial e exclusivamente voltado para ele. A vítima se adapta à natureza infantil e emocionalmente instável do parceiro narcisista ao longo do relacionamento. Ao longo do relacionamento, a vítima recorre a mecanismos psicológicos para lidar com os estímulos negativos. Entre os recursos cognitivos disponíveis, a distração emerge como um dos mais eficazes. Quando há preocupações sobre um resultado de exame, assistir a uma comédia romântica é suficiente para desviar a atenção do problema. Concentrar-se em uma pintura na sala de espera do dentista pode ajudar a evitar o pensamento sobre o temido instrumento pontiagudo. A vítima compreende que redirecionar o foco de algo doloroso pode ajudar a manter o estresse sob controle. No contexto de um relacionamento com um narcisista, essa estratégia é aplicada de forma ampla e constante. Para coexistir sob o mesmo teto sem crises emocionais constantes, a vítima aprende a ignorar os comportamentos perturbadores do parceiro. Enquanto o narcisista, repleto de raiva, se exalta por motivos insignificantes, a vítima se desconecta do momento e até de si mesma. Ela se torna apenas uma mente dissociada do presente, alheia às emoções que a dor emocional causa, tornando-se capaz de suportar os ataques verbais do narcisista. A dissociação se torna o antídoto para o veneno narcisista. No entanto, a longo prazo, o hábito da dissociação se revela prejudicial, causando danos significativos à identidade e autoestima. A dissociação mina não apenas o relacionamento consigo mesma, mas também com os outros. Com o tempo, a capacidade de sentir e se conectar com os próprios sentimentos e os dos outros enfraquece. Isso ocorre porque a pessoa está desconectada de suas próprias emoções, e sua resposta a momentos dolorosos se torna mecânica e calculada, como se ela não fosse mais humana. Isso resulta em reações automáticas e a perda da empatia em relação às emoções das outras pessoas. Para alcançar uma experiência de vida autêntica que reflita sua identidade de forma integral e mantenha relacionamentos saudáveis, é fundamental que a vítima restabeleça uma relação harmoniosa com suas próprias emoções.


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