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Foto do escritorPsicólogo Flávio Torrecillas

O Conflito Interminável com o Narcisista:

Uma das palavras que melhor descrevem o comportamento de um narcisista é o conflito, um sentimento constante de hostilidade e oposição. Tudo o que o narcisista faz ou deixa de fazer está diretamente relacionado à sua própria natureza e sentimentos.


A imagem que ele projeta é sempre conflituosa, como a de um espelho distorcido. Devido à sua frágil identidade, o narcisista anseia por validação constante, mas essa necessidade é uma fonte de estresse.

Para aliviar sua insegurança, o narcisista recorre ao conflito, usando os relacionamentos como válvulas de escape para neutralizar o impacto negativo de seus próprios sentimentos. Incapaz de regular suas emoções internamente e de forma autônoma, o narcisista transforma a vida da vítima em um caos.


O narcisista só se sente bem quando os outros estão mal. Não há espaço para que alguém ao seu lado tenha sucesso ou seja feliz, porque a dinâmica narcisista é intrinsecamente conflituosa.


Ele precisa de negatividade externa para mascarar seu vazio emocional, e só encontra paz interior quando se sente superior. Portanto, é praticamente impossível se sentir bem ao lado de um narcisista, pois sua aura é carregada de adversidade. Tudo o que ele comunica, seja através de palavras ou expressões corporais, faz a vítima se sentir rejeitada. A rejeição é a arma preferida do narcisista, pois seu ego infla à medida que faz a vítima se sentir diminuída.


Ele alcança esse objetivo principalmente por meio da falta de afeto. Ao se recusar a retribuir o amor da vítima, o narcisista alimenta seu próprio ego. Nada é mais recompensador do que o amor incondicional de um codependente. O amor incondicional da vítima é o estímulo perfeito para o ego doentio do narcisista.


Como um parasita do amor-próprio, o narcisista suga a vitalidade da vítima com habilidade e dedicação, pois ele não tem tempo a perder. Diariamente, ele destrói a autoestima da vítima, corroendo sua identidade. Cada sucesso da vítima é visto como uma ameaça pelo narcisista. Ferido, ele reage, seja quando a vítima recebe uma oferta de emprego melhor (mesmo que não seja comparável à sua carreira brilhante), seja quando a vítima recebe elogios (ele já foi elogiado várias vezes pela mesma conquista), e assim por diante.


Permanecer em um relacionamento com um narcisista é uma competição constante para o codependente.

O narcisista não ensina a vítima a vencer; em vez disso, ele critica seu desempenho. A falta de carinho, amor e empatia mina o crescimento da vítima, ao ponto dela ter dificuldade em aprender algo novo. Se a vítima quebra um prato ao secar a louça, ela é desajeitada e incapaz de fazer qualquer coisa certa.


Se a vítima escolhe um presente que o narcisista não gosta, ela é rotulada como alguém sem bom gosto. Se a vítima pede ajuda, é porque não consegue fazer nada sozinha. Se a vítima se desentende com alguém, é devido ao seu temperamento difícil.


Os erros da vítima apenas servem para confirmar o que o narcisista sempre acreditou. Se a vítima sofre de autocrítica, perfeccionismo e baixa autoestima, a culpa não é do narcisista; afinal, a vítima sempre teve "liberdade" para tomar suas próprias decisões.


O narcisista mantém uma rivalidade implacável, sempre lembrando a vítima de suas "fraquezas", enquanto suas qualidades são sistematicamente ignoradas ou apagadas. Quando a vítima comete um erro, o narcisista tem uma lista interminável de exemplos para ilustrar sua "incompetência".


É como se ele fosse o guardião do banco de dados das falhas da vítima. Quando a vítima erra, ele descreve minuciosamente quando e como ela falhou. Se a vítima se esquece de onde colocou um documento, é porque ela sempre foi desorganizada.


Quando a vítima precisa de proteção, o narcisista a expõe. Não há momento na vida da vítima que mereça privacidade, pois sua dignidade é brinquedo nas mãos do narcisista. Ele decide quando a vítima pode ou não reivindicá-la. Como resultado, a vítima vive em constante estado de alerta.

Com o tempo, sem perceber, ela adota uma postura defensiva em relação a tudo e todos. Viver em um ambiente de conflito é esgotante.


Um codependente nunca pode satisfazer o narcisista, pois ele sempre está um passo à frente. Mesmo que a vítima se esforce para ser a companheira perfeita, lembrando o narcisista de suas preferências e agindo de acordo com seus desejos, ela nunca será capaz de agradá-lo. Se a vítima oferece uma maçã, ele prefere uma laranja. Se a vítima deseja descansar, ele quer caminhar no parque.


Quando a vítima escolhe um vestido azul, ele preferiria o preto. Se a vítima gosta de seu cabelo liso, ele prefere que seja cacheado. Se a vítima é cuidadosa com o dinheiro, é rotulada como pão-dura. Se decide comprar algo, é porque não valoriza o dinheiro.


A vítima, quando faz escolhas que refletem sua visão pessoal, é considerada medíocre. Essa constante contradição mina sua autoimagem e autoconfiança. É como um hamster correndo em sua rodinha, um esforço constante para atingir algo que a vítima nunca compreende verdadeiramente.

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