O narcisista é um mestre do egocentrismo, e o mundo gira ao redor dele, sem exceções. A vítima, os irmãos, os pais, os avós e até mesmo o animal de estimação da vítima são meros coadjuvantes em seu drama pessoal.
Cada ação do narcisista é cuidadosamente orquestrada em busca de seu próprio benefício. A existência da vítima é avaliada apenas pela contribuição que pode oferecer à vida do narcisista. Ela é o projeto principal do narcisista, escolhida para refletir a imagem que ele deseja ser, para entretê-lo e para fazer companhia quando ele envelhecer.
A perspectiva de solidão e envelhecimento aterroriza o narcisista, porque ele depende de uma audiência constante.
O ego do narcisista é insaciável e sem limites. Ele age como um buraco negro, sugando tudo à sua volta. A personalidade e as preferências dos outros são ignoradas, pois tudo gira em torno do narcisista e de sua sombra. A vítima vive sob a ditadura narcisista, na qual somente os desejos do narcisista têm importância. A casa é do narcisista, e a vítima não tem voz. As decisões são baseadas unicamente nas vontades do narcisista.
O que será servido para o jantar? Isso é irrelevante para a vítima; a comida é para o narcisista, e ela simplesmente deve aceitar o que é servido. Em relação ao dinheiro, o comportamento do narcisista se encaixa em duas categorias. Se ele possui poucos recursos, é natural que todo o dinheiro seja gasto em si mesmo, sem consideração pelos outros. O narcisista não se esforça para esconder esse comportamento, e a vítima o aceita como a norma.
O dinheiro do narcisista é para seu próprio uso; é uma regra simples. Se a vítima precisa de dinheiro, deve trabalhar para consegui-lo, seguindo o exemplo do narcisista.
No caso dos narcisistas de alta posição social, a história é diferente, mas o princípio permanece o mesmo. A vítima pode morar em uma bela casa, mas tudo nela pertence ao narcisista, não a ela. Nenhum bem, seja ele proveniente de herança, do trabalho do narcisista ou de ambos, pertence à vítima.
O narcisista é o centro do universo desde muito jovem, sonhando com o dia em que tudo e todos gravitaram ao seu redor, como insetos em torno da luz. Ele é a figura iluminada, o soberano absoluto, e não há espaço para a vítima nesse cenário. A vítima está ciente disso, porque suas necessidades são constantemente ignoradas.
Qualquer desejo legítimo da vítima é sistematicamente negado. Ela se acostuma a atender aos desejos do narcisista e, nesse processo, perde a si mesma. Lutar contra o ego do narcisista é uma batalha perdida antes mesmo de começar, como tentar dar vida a um feto sem vida.
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