O Poder do Espelhamento Narcísico (Mirroring)

Esta tática não é exclusiva dos narcisistas dissimulados; ela também se manifesta em outros tipos e subtipos, revelando-se extremamente eficaz para criar laços emocionais de maneira rápida e eficaz.

O ato de espelhar os outros é algo que todos nós fazemos, muitas vezes sem perceber. É um mecanismo social inato; um exemplo disso é o bocejo, no qual a simples ação de uma pessoa bocejar pode nos levar a imitá-la quase automaticamente.

O professor Joseph Heinrich, da Universidade de Michigan, descobriu que o impulso de espelhar os outros está arraigado no cérebro humano devido à importância da cooperação para a sobrevivência da comunidade. Desde os primórdios, o ser humano age naturalmente dessa forma como uma questão de sobrevivência.

A imitação (espelhamento) é a base do funcionamento das filas, presentes até mesmo em cenários de guerra. Pessoas em filas cooperam voluntariamente com desconhecidos, mesmo sabendo que possivelmente não voltarão a vê-los. O narcopata utiliza esse mecanismo de maneira intencional para se conectar e adentrar o mundo interno das pessoas, suas mentes.

Um exemplo do poder desse fenômeno em nível global é evidenciado pela dominação mundial dos britânicos, alemães e romanos, que se estabeleceu durante períodos prolongados através da cooperação gerada pelo espelhamento (mirroring).

Essa artimanha é uma das formas mais poderosas de criar vínculos e o narcisista patológico a utiliza estrategicamente. Há diversas pesquisas que demonstram, inclusive em câmera lenta, que os micro gestos, como piscar, inflar as narinas, erguer sobrancelhas e dilatar pupilas, se sincronizam durante o espelhamento.

Tal estratégia é tão eficaz que estudos do cardiologista americano Dr. Mehmet Oz mostram que o espelhamento ocorre até mesmo em nível celular. Um bebê no ventre sincroniza seu ritmo cardíaco com o da mãe, de maneira instintiva.

Pesquisas indicam que homens que espelham as expressões faciais das mulheres durante uma conversa são percebidos como carinhosos, inteligentes, interessantes e atraentes.

O psicólogo Dr. John Gottman, da Universidade de Washington, descobriu em 2000 que quanto maior o grau de espelhamento, maior a durabilidade de um casamento ou relacionamento casual.

O narcisista busca espelhar não apenas expressões faciais, mas também tonalidades de voz. Ainda que esse tipo de espelhamento seja natural em indivíduos sem o transtorno, o narcisista adquire características de espelhamento, como sotaque, com maior rapidez. Essa tendência de imitar e espelhar o auxilia a criar laços e conexões emocionais profundas rapidamente, explicando seu carisma e sua habilidade de conquistar pessoas, incluindo os chamados "macacos voadores" (Flying Monkeys).

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